Desemprego, queda na renda real, empréstimo de nomes para tomada de crédito e descontrole na hora das compras. Esses fatores, combinados ao crítico cenário econômico, fez aumentar o número de devedores.
De acordo com o Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor, divulgado em maio deste ano, o número de pessoas com dívidas em atraso no Brasil chegou a 63 milhões. É o maior índice desde 2012, quando o Serasa começou a fazer o levantamento.
Para entender parte desse quadro, vamos voltar a meados dos anos 2000, quando tomar crédito ficou mais fácil e o brasileiro foi às compras. O consumo desenfreado foi realizado, em grande parte, por pessoas que não tiveram acesso à educação financeira e nunca planejaram o orçamento familiar. A bola de neve (ou de boletos) cresceu e agora as dívidas têm tirado o sono de boa parte da população brasileira.
Historicamente, o brasileiro está acostumado com o orçamento apertado, abrindo mão de bens de consumo. Mesmo nesse cenário, ele não teve apoio para gerenciar seus gastos de forma consciente.
Para reverter esse quadro, a educação financeira é fundamental e urgente. E quanto antes o indivíduo se conscientizar sobre dinheiro, melhor.
Sim, estamos falando de educação financeira para crianças, ensinando-as desde já a como lidar com o dinheiro e a fazer escolhas conscientes.
O Brasil está “muito mal na fita” segundo uma pesquisa da S&P Ratings Services Global Financial Literacy Survey realizada em 2014. Segundo o levantamento, o Brasil ocupa a 74ª posição em educação financeira, entre 144 países, índice inferior a países mais pobres, como Madagascar e Zimbábue.
A educação financeira gera impactos a longo prazo na economia – com menos inadimplentes, menores os juros; quanto mais informação, atitudes mais conscientes. Ou seja, formar novas gerações de consumidores conscientes.
Para pavimentar esse caminho, é necessário contar com incentivos privado e governamental em iniciativas do terceiro setor que colocam “a mão na massa” e que oferecem educação financeira de qualidade a quem mais precisa.
Convido você a pensar sobre a educação financeira como parte da cidadania. São essas novas gerações que vão garantir a prosperidade da economia brasileira, seja comprando, estudando ou investindo melhor.
Guilherme Prado
Líder de Impacto Social, atual Presidente do Bem Gasto
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