Por Tiago Reis, da Suno Research*
O relatório Focus do mês de outubro apontou que a taxa básica de juros da economia (taxa Selic) devem terminar o ano em 4,5%, ante a previsão anterior de 5,25%. Isto, aliado aos recentes movimentos do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Banco Central do Brasil (Bacen), indicam que os juros permanecerão em seu período mais baixo da história.
Tais números afetam diretamente no investimento mais comum realizado pelo brasileiro, o investimento em renda fixa. Segundo o Raio X do Investidor Brasileiro – 2ª edição, de 2019, pesquisa promovida pela Anbima em parceria com o Datafolha, cerca de 88% dos investidores brasileiros escolhem colocar seu dinheiro em poupança.
Por que temos uma cultura de Renda Fixa?
Um dos motivos para explicar isto é a cultura de investimento do brasileiro. Segundo o levantamento da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), 48% dos investidores do país preferem a possibilidade de guardar seu dinheiro de forma ‘segura’ a ter um retorno maior, porém com maiores riscos.
Contudo, com os juros baixos aliado ao momento da bolsa de valores a tendência é que este cenário comece a mudar, e o mercado de renda variável se torne cada vez mais atrativo.
Mesmo com o estigma de risco que gira em torno desta área, no geral, investimentos na bolsa de valores que visem o longo prazo, quando bem estruturados e apoiados em uma boa estratégia de diversificação, historicamente tendem a ter uma volatilidade menor — e, principalmente, trazer retornos maiores aos investimentos em renda fixa.
Possibilidades em Renda Variável
Entre as possibilidades existentes dentro dos investimentos de renda variável, alguns setores se destacam pela baixa volatilidade. Um exemplo seriam as empresas ligadas ao setor elétrico. Um dos motivos que explica isto é a perenidade do setor.
Como a energia é fundamental para o funcionamento da sociedade, isto faz com que seja um produto com alta demanda e, consequentemente, as empresas dificilmente sofrerão com falta de consumidores.
Além disso, é uma área com uma ciclicidade menor e com constante crescimento, diminuindo a volatilidade e que que geram proventos aos investidores.
Em renda variável, outro campo que se destaca no mercado brasileiro pela constância é o setor bancário. Mesmo com a recessão econômica que o país vem enfrentando nos últimos anos, este é um dos segmentos que mais cresceram no Brasil na última década.
Somente no 2º trimestre de 2019, houve um crescimento de 21% dos quatro principais bancos, o que representa o lucro de R$ 21,5 bilhões durante o período.
Para o investidor brasileiro, o que mais fica em evidência é o fato de que a área é sólida no país.
Muito se deve pela baixa competição existente no meio, o que possibilita com que a atividade de crédito seja realizada com maior critério. Diminuindo o risco da alta liquidez do setor, muito comum em outros países.
Outro setor da economia que segue linhas parecidas é o das seguradoras. Entre janeiro e maio de 2019, o faturamento total desse setor foi de R$ 103,7 bilhões, segundo a Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg).
Isto se justifica pela realidade que no brasil está área é subaproveitada, fazendo com que as existentes tenham margens elevadas, mesmo sem a necessidade de investir tanto capital.
Considerações finais
Atualmente, existem cerca de 1 milhão de investidores na bolsa de valores. Logo, mesmo ‘timidamente’ a tendência é que está área ganhe cada vez mais espaço no cotidiano do brasil, isto porque as projeções no médio prazo sobre renda fixa segue apresentando um cenário com poucas vantagens.
*Formado em administração de empresas pela FGV, com mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro, foi sócio-fundador da Set Investimentos e é fundador da Suno Research.
O artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Bem Gasto. Este espaço está aberto a opiniões e reflexões sobre finanças. Caso queira contribuir conosco, escreva para presidencia@bemgasto.org.
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