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Blog Bem Gasto

O que realmente te salva nos investimentos?

Amigas e amigos, tudo bem com vocês?


O ser humano é uma máquina muito linda. Funciona tão bem depois de milhares de anos de pequenas melhorias que, hoje, consegue conquistar muita coisa com alguma facilidade.


Um mecanismo que nos ajudou muito a evoluir foi nossa capacidade de pensar e pensar rápido. Para fazer isso, a gente criou uma série de atalhos mentais – com um nome chique de “heurísticas”, dado pelos estudiosos da Psicologia – para acelerar nosso pensamento. O problema é que, como qualquer máquina, a gente não é perfeito. Atalhos mentais podem, de vez em quando, nos levar aos lugares errados... Nos investimentos, é a mesma coisa. Pode ser perigoso a gente fazer uma simplificação exagerada ou, ainda, simplificar a coisa errada. Cuidado!


Mas antes, um lembrete – esse texto não é para colocar na nossa cabeça que investir é complicado, mas sim para nos lembrar que alguns atalhos que pegamos podem nos levar a lugares errados. Investir não é para ser um bicho de sete cabeças e o objetivo é mostrar exatamente isso. Vamos lá?


Quem aqui acha que, em todos os casos, renda fixa é mais “seguro” que renda variável?


Quem aqui acha que investir com isenção de imposto de renda é sempre melhor que pagar imposto de renda? Pois é. Os investidores de títulos emitidos por uma empresa chamada Rodovias do Tietê podem ter usado estes atalhos e perdido dinheiro. Por quê? A empresa emitiu papéis chamados debêntures (títulos de renda fixa emitidos por empresas de capital aberto – ou seja, um papel que diz que a empresa pegou um dinheiro emprestado de você e que se compromete a pagar a dívida com juros em determinado prazo) que, por serem ligadas a projetos de infraestrutura, tem isenção de imposto de renda. Investidor pessoa física ouviu “renda fixa” e ouviu “isenção de IR” e pode ter pensado – “opa, investimento seguro e com maior rendimento!” #SQN. Empresa pediu recuperação judicial (em resumo, disse que não tem grana para pagar seus compromissos e pediu arrego) e os títulos que ela emitiu perderam todo seu valor. Sem proteção do FGC.


Investir em papéis deste tipo é problema? Não. Problema é não conhecer o risco que se está tomando, é não saber seus objetivos e investir de acordo com eles, não diferenciar risco de volatilidade (o quanto o preço de um bem “sacode” com o passar do tempo)... e não diversificar. Mesmo ativos de renda fixa possuem riscos diferentes: só falando em risco de crédito, governos podem dar calote em seus credores (sim, você é credor do governo quando investe no Tesouro Direto), bancos podem falir e não pagarem seus CDBs, empresas podem falir (como foi o caso da Rodovias do Tietê)... Se formos falar de volatilidade, quem investe em Tesouro Direto prefixado de longo prazo sabe que o valor de mercado sobe e desce... Então, não dá para falar que tem coisa sem risco, que dá para investir 100% de olhos fechados.


Isso quer dizer que o risco é grande? Depende. Vamos pegar o Tesouro Direto como exemplo:


  • Se formos ver o risco de o governo dar calote, o investimento é seguro. Não é isento de risco, mas é quase lá – o governo tem a chave da impressora de dinheiro; a chance de você não receber é minúscula.


  • O preço dele “balança” muito (ou seja, ele é volátil)? Se você quer vender antes do vencimento, depende: Tesouro SELIC não é, mas Tesouro IPCA e Tesouro Prefixado são (e a volatilidade cresce quanto mais longo for o papel). 


Que fazer então? Colocar a grana no colchão? Nem isso te protege 100%, porque você corre o risco da desvalorização por causa da inflação. Ou seja, primeira regra: nenhum investimento é isento de risco. Tudo tem algum risco, por menor que seja. Então, conheça o risco antes de investir e tome uma decisão consciente! Eu só invisto em coisas que eu entendo como funciona e o que pode dar de errado. E não estou falando de coisas em que eu sou pós-doutor – não precisa de pós-graduação naquilo para você se sentir confortável!  Mas, de verdade, isso acaba só te protegendo parcialmente.


Sabe o que te protege de verdade? DIVERSIFICAÇÃO. É, simples assim - Não tenha seus ovos na mesma cesta. Quem tomou um pouco mais de risco investindo em Rodovias do Tietê com 1% do patrimônio, com uma grana pra longo prazo, pra aposentadoria, que não iria usar daqui 6 meses, vai dormir um pouco triste mas sem reais danos ao patrimônio; agora, se a pessoa vai lá e coloca 60% do seu dinheiro no ativo porque ele é a “dica quente” do momento e perdeu tudo, aí a coisa muda de figura. A culpa é da empresa que faliu? Em parte. É culpa da pessoa que te vendeu? Até pode ter colaborado. Mas a própria pessoa é a mais responsável por (i) não saber onde está pisando ou (ii) não diversificar. 


Hoje, você consegue diversificar várias coisas. Em Tesouro Direto, tem várias opções; pode diversificar sua carteira de CDBs em bancos grandes e pequenos; quem quer montar carteira de fundos imobiliários, não compre só um – diversifique os fundos e os tipos (papel x tijolo; conjuntos comerciais x logística x shoppings, etc); em ações, diversifique setores e empresas...O importante é você investir sempre e ir construindo aos poucos. Vá diversificando aos poucos – não é algo para se ficar obcecad@, mas para se ir fazendo à medida em que seu patrimônio cresce.  


Então, a conclusão é: não se apóie em atalhos simplificados demais e, se for se apoiar em algum, lembre-se: tudo tem algum tipo de risco, até colocar a grana no colchão. Vá atrás, conheça-os e diversifque para não perder seu sono à noite! Se quiserem alguma ajuda ou tiverem alguma dúvida, é só chamar!


Um grande abraço!

Alexi, voluntário da Bem Gasto






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