Quem não gosta de uma promoção?
Através de experimentos e estudos comportamentais, a Psicologia Econômica desvendou a relação do ser humano com o dinheiro, que, anteriormente, era tratada como algo totalmente racional.
Porém, o vencedor do Prêmio Nobel da Economia em 2012, Daniel Kahneman, mostra em seus estudos que nosso cérebro tem um sistema mais racional sim, mas, em paralelo, tem um sistema mais emocional, que é o está em funcionamento na maior parte do tempo. Isso faz com que, na verdade, a relação do ser humano com o dinheiro, em boa parte do tempo, seja movida muita mais pelas emoções.
Justamente por isso, o simples fato de ver um produto ou serviço em promoção desperta um interesse maior pela compra. A promoção basicamente é o ato em que o vendedor oferece descontos em seu produto ou serviço, fazendo ele (supostamente) sair mais barato do que costuma ser vendido.
Agora imagine se, ao invés do desconto, o vendedor devolvesse parte do dinheiro da compra para o cliente. Seria algo mais interessante ainda, não é? Afinal, mais do que ter a economia, o a grana acaba voltando para o bolso de quem comprou. E isto já existe! Trata-se do Cashback (expressão em inglês que pode ser traduzida para “dinheiro de volta”).
Programas de Cashback
Quem é do estado de São Paulo deve conhecer um dos sistemas pioneiros do cashback. Trata-se da Nota Fiscal Paulista. Criada em 2007, ela é um programa que foi criado com o objetivo de combater a sonegação e aumentar a arrecadação para o Estado. Ao informar o CPF ou CNPJ na compra, o contribuinte recebe de volta uma parte do imposto embutido nas mercadorias.
Em 2011, em Minas Gerais, surgiu o Méliuz. Trata-se de um portal que disponibiliza, de forma gratuita, cupons de descontos para diversos portais de compras do Brasil, e, opções de cashback. A empresa foi a grande responsável por popularizar o “dinheiro de volta” no Brasil. Neste modelo de negócio, as lojas e portais de compras pagam para anunciar seus produtos e serviços na plataforma do Méliuz. Em contrapartida, o Méliuz devolve parte do dinheiro da compra para os clientes. A empresa também passou a oferecer cashback em lojas físicas e, mais recentemente, criou o seu cartão de crédito, devolvendo parte do valor de qualquer compra paga com ele.
Outras plataformas foram lançadas nos anos seguintes. Em 2012 foi lançado o Poup. Em 2016 foi lançado o Beblue. Este acabou focando principalmente no cashback em estabelecimentos físicos, como restaurantes e postos de gasolina. E em 2018, a Cashback World, comunidade de compras internacional, multicanal e multisetorial que permite o cashback, passou a ter uma iniciativa no Brasil.
Cashback no cartão de crédito
Tradicionalmente, um dos grandes atrativos dos cartões de crédito eram os programas de milhas. Hoje, além do cartão Méliuz, diversas outras empresas passaram a oferecer como atrativo a possibilidade do cashback nas compras feitas pelo cartão de crédito. O Trigg foi um dos primeiros cartões a possibilitar este serviço. Além dele, hoje, cartões do Banco Original, Santander, Citi, Itaú/Ipiranga, Bradesco (Next), Nubank (Rewards) são algumas opções para ter dinheiro devolvido nas compras do cartão.
Cashback nos investimentos
E o cashback não para nas compras. Recentemente o Banco Inter e a plataforma de investimentos Pi, do Santander, passaram a oferecer investimentos que devolvem parte das remunerações pagas a intermediários do mercado. Ou seja, você investe o seu dinheiro, e ainda tem uma parte do que é pago em taxas devolvida.
Verifique se realmente vale a pena e tenha planejamento
Conforme pode ser visto, as tendências em relação ao cashback só aumentam. Porém, é preciso conhecer os programas, sempre ficar de olho se realmente valem a pena, e nunca usar os benefícios como uma desculpa para gastar mais do que está planejado.
Victor Barboza é especialista em finanças pessoais e gestão financeira de pequenos negócios. É voluntário da Bem Gasto e fundador da GFC - Gestão Financeira Criativa.
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